Bastidores do veto: operação da PF foi decisiva para barrar venda do Banco Master
Depois da operação, Banco Central teria decidido interrompar a compra dos ativos pelo BRB
O Banco Master está diante de um futuro incerto agora que o BC (Banco Central) rejeitou a compra de parte da instituição pelo BRB (BSLI4).
🏦 Sob a liderança de Daniel Vorcaro, o Banco Master teve um crescimento expressivo nos últimos anos, pautado por uma estratégia considerada arriscada por muitos integrantes do sistema financeiro.
A instituição ficou conhecida por emitir CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com taxas bem superiores ao praticado no mercado, chegando até a 150% do CDI em algumas situações.
Dessa forma, o Master carrega uma das maiores carteiras de depósitos a prazo do país. Ou seja, de produtos financeiros em que o banco pega um valor "emprestado" dos seus clientes com a promessa de devolvê-lo depois de um determinado período, mediante o pagamento de juros.
💲 De acordo com dados do BC, o Master tinha R$ 59,4 bilhões em depósitos a prazo em dezembro de 2024. Era a 9ª maior carteira de todos os bancos brasileiros.
O banco, contudo, aplicou boa parte dos recursos obtidos com esses títulos em ativos de baixa liquidez, como precatórios e direitos creditórios. Por isso, há dúvidas no mercado sobre a capacidade financeira da instituição.
Uma eventual quebra do Master poderia consumir boa parte dos estoques do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), o fundo que protege correntistas e investidores de bancos em risco de solvência e tinha cerca de R$ 140 bilhões em patrimônio ao final de 2024.
Diante disso, o mercado especula qual será o futuro do Banco Master agora que a compra pelo BRB foi barrada pelo Banco Central. Entre as opções, estão a venda de ativos ou até uma intervenção do BC.
O Master ainda pode vender os seus ativos para outros interessados ou até mesmo para o BRB, por meio de um novo formato de negócio que enderece os questionamentos do BC. As instituições, por sinal, indicaram que esta deve ser a aposta no momento.
🗣️ Em comunicado ao mercado, o BRB defendeu a compra do Master como uma transação que "representa uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional".
O Banco de Brasília disse, então, que solicitou acesso à íntegra da decisão do BC, para "avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis".
O Master reforçou o discurso de que alternativas à decisão do BC serão estudadas . Além disso, declarou que "continua confiante na sua estratégia e na sua operação".
Vale lembrar que o BRB já havia reduzido o perímetro da negociação com o Master nos últimos meses para excluir do negócio ativos como precatórios e operações de crédito sem garantias reais. Dessa forma, a parcela do Master que seria incorporada pelo BRB caiu pela metade, de R$ 48 bilhões para R$ 23,9 bilhões.
Caso essas alternativas não avancem e o BC entenda que o Master não tem condições de arcar com as suas obrigações, fica o risco de uma intervenção.
🔎O BC pode intervir em instituições financeiras que apresentam grave comprometimento do seu patrimônio ou dificuldade de honrar seus compromissos, de forma a assegurar a estabilidade do sistema financeiro brasileiro.
Neste caso, o BC pode determinar aos controladores da instituição que aportem os recursos necessários, transfiram o controle, reorganizem a sociedade ou adotem medidas de recuperação. Caso não seja o necessário, o BC ainda pode intervir diretamente na instituição, afastando os controladores e nomeando um interventor.
A intervenção acontece quando o BC acredita que a instituição ainda pode se recuperar. Por isso, dura até 12 meses e envolve a suspensão temporária das atividades do banco.
O BC, contudo, também pode decretar a liquidação extrajudicial ou a falência da instituição quando a intervenção não atinge os resultados esperados. Ou seja, quando avalia que a situação de insolvência é irrecuperável e a interrupção do funcionamento da instituição não compromete a estabilidade financeira.
Depois da operação, Banco Central teria decidido interrompar a compra dos ativos pelo BRB
Investidor10 ouviu especialistas em investimento para explicar o que acontece no mercado secundário de renda fixa.